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Arquiteto Paulo Ormindo critica projeto do BRT em Salvador: 'Solução ultrapassada'

Atualizado: 29 de nov. de 2021

De acordo com o arquiteto, os viadutos previstos no projeto mais atrapalham do que ajudam no fluxo de pessoas. Por Bárbara Silveira, Matheus Simoni e Felipe Paranhos


Publicado no Metro1

Foto: Prefeitura de Salvador/Divulgação

Professor da UFBA e membro do Conselho de Arquitetura e Urbanismo da Bahia (CAU/BA), o arquiteto Paulo Ormindo criticou a concepção do projeto de implementação do sistema BRT (Bus Rapid Transit) em Salvador. Em entrevista à Metrópole, o ex-presidente da seccional baiana do Instituto de Arquitetos do Brasil afirmou que o sistema está 'ultrapassado' e corre o risco de apresentar falhas na integração com a cidade.


De acordo com o arquiteto, os viadutos previstos no projeto mais atrapalham do que ajudam no fluxo de pessoas. 'Criam um problema para o pedestre e para o ciclista irem de um lado pra outro da avenida. E mais: o viaduto, como está concebido, corre no canteiro central da Av. Juracy Magalhães Jr. e da Av. ACM. Ora, nesse lugar corre um rio. Nesse rio, se você passa uma galeria pra levar isso, não tem capacidade, porque reduz muito a seção para o esgotamento santário, além de acabar com toda a vegetação que tem pelo caminho. E mais: você está impermeabilizando o solo, porque vai tudo se tornar uma área asfaltada e de cimento, o que vai contribuir ainda mais para os alagamentos', ressaltou Ormindo.


'Hoje, quando eu passo depois de cada chuva, eu vejo a Prefeitura com as pás carregadoras e os caminhões da Prefeitura tirando a lama, o barro que estão dentro daquele canal [entre a Av. ACM e a Juracy]. Quando você cobre, você não tem mais a possibilidade de limpar. Aquilo fica morto. E depois o rio não tem seção suficiente para absorver toda a quantidade de água', completou.

Ormindo também destacou a desvalorização da região por conta dos viadutos, além de citar Rio de Janeiro - que eliminou tais construções no projeto de revitalização de sua zona portuária - e São Paulo como exemplos de cidades que estão abandonando os elevados como solução de mobilidade. 'Quando você cria viadutos como estes, gera uma desvalorização tremenda dos imóveis que estão ao redor. Cria uma zona de sombreamento, onde inevitavelmente vão dormir mendigos e sem-teto. E uma desvalorização total do uso social. Em São Paulo, estão querendo demolir o Minhocão, porque a zona toda por onde o Minhocão correu foi abandonada para as funções tradicionais do bairro', pontua.


Projeto do BRT era 'interessante' nos anos 1970


Paulo Ormindo também comentou o projeto original do BRT originalmente criado, em Curitiba, na década de 1970. 'Aquela solução foi interessante porque você eliminava o tempo de subir os degraus [dos ônibus, que chegavam a 90 cm de altura] e o tempo de cobrar a passagem para o passageiro entrar. Você entrava numa estação fechada, o cobrador cobrava e, na hora em que o ônibus encostava, você entrava. Isso mudou no mundo inteiro, porque você hoje têm ônibus com o piso muito baixo, de até 20 cm em relação ao chão. Então, hoje, no primeiro mundo, na Europa, nos Estados Unidos, você tem linhas de ônibus expressas que correm numa faixa exclusiva, mas que não precisa fazer viadutos', declarou o arquiteto. 'Essa solução, tal como está concebida [em Salvador], na verdade está ultrapassada', concluiu.

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