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Manifestantes em Salvador protestam pelo fim do trem para obra do VLT

Moradores reunidos em frente ao Fórum Ruy Barbosa pediram também que poder público divulgue valores a serem pagos por desapropriação de casas no Subúrbio Ferroviário.


Publicado no Mobilize

Grupo protesta contra suspensão do trem do Subúrbio

Moradores do bairro do Lobato, em Salvador, realizaram um protesto nesta sexta-feira (12), em frente ao Fórum Ruy Barbosa, contra a suspensão do transporte ferroviário no bairro. O grupo denuncia ainda a falta de informações sobre a desapropriação e cobra clareza do poder público.

Uma ação civil-pública tramita há um ano na 7ª Vara da Fazenda Pública, pedindo que o governo do estado apresente um plano de ação para que as pessoas de baixa renda possam migrar de transporte público. A tarifa do trem custa R$ 0,50 e o serviço será extinto na próxima segunda-feira (15).

De acordo com moradores, algumas pessoas já foram informadas que a casa será desapropriada para a construção do sistema do VLT. No entanto, o grupo afirma que não tem detalhes de como a desapropriação vai ocorrer.

Segundo os manifestantes, desde 2019 a empresa responsável pela obra faz visitas na localidade para fazer um cadastramento para indenizar as famílias. Mas não há informações sobre valores, nem o dia em que os valores serão pagos.

Responsabilidade


O secretário de Desenvolvimento Urbano da Bahia (Sedur), Nelson Pellegrino, disse que os estudos do órgão mostraram que é inviável manter a prática do transporte e deveria ser feita uma intervenção no sistema urbano. E acrescentou que a responsabilidade para gratuidade nos ônibus de Salvador é de responsabilidade da prefeitura.

"As questões que dizem respeito à gratuidade e redução tarifária é de competência do Município de Salvador. O sistema de transporte coletivo urbano é gerido pela Prefeitura Municipal de Salvador. Ela que sabe exatamente quanto é a tarifa de remuneração. E a prefeitura suporta seus subsídios, como o estado também suporta seus subsídios", disse.

A prefeitura, por sua vez, informou que vai implantar uma operação assistida na região do Subúrbio a partir de segunda-feira (15), quando os trens param de circular, com a disponibilização de ônibus extras para reforçar linhas que atendem a região a depender de demanda.

Sobre tarifa social, a prefeitura informou que não foi procurada para discutir o assunto. No entanto, a gestão municipal acrescentou que não tem condições de arcar com este tipo de tarifa.

Usuários abaixo da linha da pobreza


O Ministério Público da Bahia (MPBA) fez mais um pedido à Justiça para que o estado não suspenda a circulação dos trens em Salvador, já que ainda não há uma alternativa para os moradores.

A promotora Hortênsia Pinho rebateu o secretário Nelson Pellegrino e disse que a responsabilidade, de fato, cabe ao governo do estado e não à prefeitura de Salvador.

Segundo ela, pesquisas do MPBA apontaram que cerca de 40% da população que faz uso dos trens está abaixo da linha da pobreza - se mantém com menos de R$ 151 por mês - e é necessário que o governo apresente uma alternativa para a população.

“É extremamente relevante dizer que a responsabilidade é do estado da Bahia. Quando o estado da Bahia assumiu o sistema de trens do Subúrbio, ele não assumiu somente os dormentes de madeira, os trilhos e vagões. Ele assumiu também os usuários do trem. No momento que ele delibera a paralisação do trem, ele tem que ofertar uma solução alternativa para os usuários", disse a promotora.

VLT em Salvador


A fase 1 das obras do VLT (em monotrilho) compreendem 19,2 km, com 21 estações, e planeja ligar o bairro do Comércio, na cidade baixa da capital, até a Ilha de São João, em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador. Na fase 2, que liga a região de São Joaquim até o Acesso Norte (integração com o metrô) estão previstas mais cinco estações.

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